segunda-feira, 11 de março de 2013

VERDADE para ADICTOS, por Dr. Laís Marques da Silva



Os mitos são um modo muito rico de abordar aspectos complexos e multidimensionais da natureza humana. O mito de Orestes mostra claramente a necessidade e a importância da verdade, da verdade completa e não da meia verdade, que ainda é uma mentira, para se poder desfrutar de boa saúde mental.

O Mito de Orestes
Orestes era filho de Agamenon e de Clitemnestra. Com a Guerra de Tróia, houve o longo afastamento do lar por parte de Agamenon. Clitemnestra havia sofrido um trauma intenso com o sacrifício de Ifigênia, quando da partida da esquadra para Tróia. Estando Agamenon ausente, Clitemnestra se junta ao amante, Egisto, e os amantes assassinam Agamenon quando do seu regresso à pátria. Orestes fica, então, com um terrível e insolúvel dilema: a maior obrigação de um jovem grego era vingar o pai assassinado e a pior coisa que um jovem grego poderia fazer era assassinar a sua mãe. Orestes matou a mãe e o amante e foi penalizado pelos deuses do Olimpo com as Fúrias, que eram 3 Hárpias, que continuamente o rodeavam e tagarelavam no seu ouvido, causando-lhe alucinações e levando-o à loucura. Orestes corre mundo mas, sendo sempre perseguido, pediu um novo julgamento aos deuses para que a sua pena fosse aliviada. O deus Apolo fez a defesa de Orestes e disse no julgamento que todo o fiasco não era senão a culpa dos próprios deuses que não deram a Orestes nenhuma melhor escolha e que, assim, ele não poderia ser considerado culpado. Os deuses concordaram, mas Orestes se levantou e, opondo-se a Apolo, disse que tinha sido ele mesmo quem havia matado a mãe e não os deuses e por isso era culpado. Nunca, antes, ninguém tinha sido tão verdadeiro a ponto de, tendo sido passada a culpa aos deuses, afirmar que a culpa era realmente sua. Em razão deste fato, os deuses resolveram suspender a pena de Orestes e as Fúrias foram substituídas pelas Eumênides, cujo nome significa portadoras da Graça. Não eram mais vozes tagarelantes, irritantes e negativas, mas sim vozes de sabedoria.

Este mito mostra a transformação da doença mental em extraordinária saúde e a verdade é o preço de tão maravilhosa transformação.

O grupo de A.A. é o local de encontro com a verdade. A verdade tem vitalidade, tem vida própria, do mesmo modo que a unidade tem poder.

A freqüência aos grupos é indispensável. Notamos que muitas pessoas esquecem os princípios, que não os aprendem bem ou os aplicam de modo deficientemente de modo que não são transformados em hábitos regulares e formas de pensamento habituais. Ao longo do tempo, perdem a motivação e a inspiração e param de tentar. A motivação é como o fogo; as chamas se apagarão se o fogo não for alimentado.

A verdade de quem escuta ajuda a quem faz o depoimento a encontrar a sua verdade, fundamento da recuperação.

A qualidade de ser alcoólico. Essa é a característica que permite que quem escuta um depoimento seja capaz de compreender, de aceitar o que é relatado, de não julgar. 

Coragem por parte do companheiro e compreensão por parte dos membros do grupo são essências para uma perfeita comunicação.

Um depoimento enriquecedor só é possível num ambiente sentido como sendo seguro, isto é, em que haja compreensão, não censura, não julgamento, nenhum comentário posterior. Mas em que haja empatia e a experiência prévia dos seus membros não os leve a se escandalizar.

Não importa como chegamos ao Programa de Recuperação, de crescimento espiritual. A verdade é que ele sempre esteve aqui, esperando por nós.

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